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Mostrando postagens de agosto, 2011

Como Funciona uma revolução

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Embora Tocqueville (1805-59) seja mais conhecido do grande público pelas famosas obras-primas A democracia na América (1835-40) e O antigo regime e a Revolução (1856) do que pelas Lembranças, estas são, contudo, uma obra tão original e clássica quanto às duas primeiras. Escritas (entre 1850-51) como memórias, com a intenção deliberada de não serem publicadas (pelo menos em vida do autor), as Lembranças, cuja primeira edição é de 1893 e que giram em torno da Revolução de 1848 na França, revelam o quanto o pensador político Tocqueville foi um observador e analista genial do seu tempo e da história. Os clássicos são os livros que se renovam a cada época. A onda de revoltas populares em curso no mundo árabe confere nova atualidade a esta reedição das memórias de Tocqueville em torno da Revolução de 1848 na França. Deputado e ministro durante aquele período tumultuoso, Tocqueville redigiu as recordações quando o advento da ditadura de Napoleão   3° (1851) lançou políticos moderados como

Jorge Luís Borges

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Não criei personagens. Tudo o que escrevo é autobiográfico. Porém, não expresso minhas emoções diretamente, mas por meio de fábulas e símbolos. Nunca fiz confissões. Mas cada página que escrevi teve origem em minha emoção” (Jorge Luís Borges)             Ainda chove quando termino de ler estes poemas de Borges e um dos contos   rígidos do viejo brujo. O que toca, o que encanta de imediato, é a simplicidade do verso, a precisão das palavras inesperadas, essa habilidade mágica de dizer as coisas simples e sabiamente. A frase exata denuncia o esforço da comunicação desejada até a última gota, como transparência e elucidação.             Há magníficos autores cujo entendimento só é possível após um esforço massacrante, que asfixia o leitor, embora na sua forma de poetar haja sublimação e arrebatamento, embora produzam textos de qualidade inegáveis; outros há que conseguem aliar à competência estilística uma capacidade de comunicação impressionante, que não se esgota, que se abre

SINAL VERDE: Passeio Socrático

SINAL VERDE: Passeio Socrático

Passeio Socrático

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Ao viajar pelo Oriente mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos e em paz nos seus mantos cor de açafrão. Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir: 'Qual dos dois modelos produz felicidade?' Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: 'Não foi à aula?' Ela respondeu: 'Não, tenho aula à tarde'. Comemorei: 'Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde'. 'Não', retrucou ela, 'tenho tanta coisa de manhã...'. 'Que tanta coisa?', perguntei.. 'Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina', e começou a elencar seu