O POETA E A COCA-COLA
Fernando Pessoa (1888-1935), um dos maiores poetas portugueses, viu-se envolvido num episódio que atrasou a chegada da Coca-Cola em Portugal por meio século. Em 1927, para anunciar sua entrada no país, a multinacional contratou o poeta, que também trabalhava como publicitário. Ele criou um slogan para bebida: “Primeiro estranha-se, depois entranha-se” – e ai começaram os problemas da Coca-Cola em Portugal. A frase levou o diretor de Saúde Pública, Ricardo Jorge, a proibir a venda do refrigerante, ordenando à policia “prender todo produto existente no mercado e deitá-lo ao mar”. O motivo: a possível presença de folhas de coca e de seu alcalóide, a cocaína, no refresco. Jorge entendeu que o slogan era o reconhecimento da toxicidade do produto que, como qualquer droga, inicialmente, “estranha-se” e depois “entranha-se”. Assim, os portugueses não puderam comprar Coca-Cola até depois da Revolução dos Cravos, em 1974. A primeira garrafa da marca produzida no pais foi vendida em Lisboa no dia